terça-feira, setembro 05, 2006

Aos que Predestinou, a Estes Também Chamou


Romanos 8:28-30


“28 Sabemos
que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a
Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. 29
Porque os que conheceu de antemão, também os predestinou
para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele
seja o primogênito entre muitos irmãos. 30 E aos que
predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a
estes também justificou; e aos que justificou, a estes
também glorificou”.


Quando nós os filhos de Deus, nos libertamos da compulsão de auto-exaltação,
auto-justificação e auto-preservação, então vivemos pelo
eterno bem de outras pessoas, nos tornamos a luz do mundo e o
sal da terra, e as pessoas percebem em nós a existência de
Deus e dão glórias a Ele (Mateus 5.14-16). Assim, se o
propósito de Deus para nós é cumprido no mundo – fazer
conhecida a sua glória através de vidas de amor – então
devemos encontrar uma arma para vencer o orgulho e insegurança
que alimenta nossa necessidade de exaltarmos, justificarmos e
preservarmos a nós mesmos com posturas, poses, performances e
prosperidade.


A arma que
Deus pôs nas mãos de seu povo é a promessa de Romanos 8.28.
“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que
amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito”. A confiança em nosso coração de que o Deus
Todo-Poderoso causa tudo o que me acontece para meu bem é a
espada qe corta pela raíz a auto-exaltação, auto-justificação
e auto-preservação. Como verso 31 diz: “Se Deus é por nós,
quem será contra nós?”.



Se, pela graça completa de
Sua soberana vontade, Deus tem estado ao seu lado e trabalha
toda dor e prazer juntos para seu bem, então nenhum oponente
pode realmente prevalecer contra você. Então, porque exaltar a
si mesmo? Porque justificar a si mesmo? Porque a dificuldade
sobre preservar a si mesmo? Se o Senhor do Universo prometeu
trabalhar por você, por que estar ansioso sobre o que os
outros pensam? Por que você está sempre em busca de conforto e
segurança? Seu Pai sabe de que você precisa e Ele


trabalha todas as coisas para o seu bem. Deixe sua exaltação,
justificação e preservação nas mãos supremas e viva em
liberdade pelos outros.

Quando o povo escolhido de Deus realmente
crê em Romanos 8.28, da infância até o túmulo eles são o povo
mais forte, generoso e livre no mundo. Se Romanos 8.28 tem
este poder na vida diária, então seu fundamento é
completamente prático. Romanos 8.29-30 é este fundamento.
Quanto melhor nós entendermos o texto e mais crermos nele,
mais certeza teremos em Romanos 8.28. E isto nos fará um povo
poderosíssimo e amabilíssimo – para a glória de Deus!


Hoje nosso foco estará na primeira frase do
versículo 30: “Aos que predestinou, a estes também chamou”.
Domingo passado nós nos concetramos no significado de nosso
“chamado” e o significado de “predestinação”. Hoje eu quero me
concentrar na conexão entre esses dois. Porém, vamos primeiro
lembrar nossas conclusões da semana passada.


Romanos 8.28 diz que todas as coisas
cooperam para o bem daqueles que “são chamados segundo seu
propósito”. O que significa ser chamado? Significa que Deus
dominou a rebeldia de nossos corações, nos direcionou a Cristo
e criou amor e fé onde antes havia um coração de pedra. O
chamado é eficaz. Cria o que ordena. Não é como “Aqui, Rex!
Aqui!”. É como “Lázaro, vem para fora!” ou “Haja luz!”. O
chamado acontece na pregação da Palavra de Deus pelo poder do
Espírito do Senhor. Sobrepuja toda resistência e produz a fé
que justifica.


Uma evidência chave para esta verdade é a
sentença no versículo 30: “aos que chamou a estes também
justificou”. Somente as pessoas com fé são justificadas. Mas
Paulo diz que os chamados são justificados. Então o chamado
deve, de alguma forma, garantir a fé. Claro! O chamado é a
criação da fé. Portanto, todos os que são chamados são
certamente justificados.


Outra coisa que vimos semana passada foi
que este chamado não é uma resposta a algo que tenhamos feito.
Versículo 28 diz que nós somos chamados “segundo seu
propósito”. O propósito e o plano de Deus são a base do nosso
chamado, não nossos planos e propósitos. Este propósito é
descrito no verso 29. Note que o começo do versículo 30 é
baseado em nossa predestinação: “aos que predestinou, a estes
também chamou”. Então o termo “chamados segundo o propósito de
Deus” no versículo 28 é virtualmente o mesmo que chamados com
base na predestinação de Deus no versículo 30. Sua
predestinação e Seu propósito são o mesmo.


E o significado disto é dado no versículo
29: “Porque os que conheceu de antemão, também os predestinou
para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele
seja o primogênito entre muitos irmãos”. O propósito pelo qual
nós somos predestinados é participar da glória do supremo
Filho de Deus. Este propósito ou predestinação é baseado
finalmente em um ato de conhecimento: “Os que conheceu de
antemão, a estes também predestinou...”


E nós argumentamos no culto da noite
passado que isto não quer dizer que Deus baseia sua
predestinação em nossa fé auto-determinada, que Ele conheceu
no princípio dos tempos. Esta interpretação intenta preservar
o auto-determinismo da vontade humana. Mas nós já vimos que a
fé é produzida pelo chamado de Deus, não por um ato humano de
auto-determinação.


O que nós vimos foram muitos outros textos
apresentando que, quando Deus conhece alguém, a este Ele
concede seu favor, ou o possui, ou o escolhe. Então, o
significado do versículo 29 é que “aqueles que Deus livremente
escolhe ou aqueles que Deus livremente concede seu favor, a
estes Ele também predestinou para serem como seu Filho, e aos
que predestinou Ele chamou”. Então o chamado de Deus é baseado
no ato divino da predestinação, que por sua vez é baseado na
eleição ou escolha que Deus fez sem algum ato ou mérito de
nossa parte.


A conclusão da semana passada foi esta: se
Deus escolheu você antes da fundação do mundo sem levar em
conta algum mérito ou atitude em você, te destinou para ser um
glorioso espelho de Cristo e revelou este propósito, chamou
você criando fé e amor por Cristo e ainda te qualificou para a
promessa de Romanos 8:28; então sua confiança nesta promessa
não será bem maior do que se simplesmente ela descansasse em
algo tão enganoso e incerto como sua vontade e sua decisão?
“Chamados segundo seu propósito” é a grande base da confiança
de que Romanos 8.28 é realmente verdadeiro para nós.


Hoje quero nos confortar na verdade de que
nosso chamado é baseado na predestinação de Deus. Versículo
30: “Aos que predestinou, a estes também chamou”. Nosso
chamado, nossa conversão, nossa regeneração, o dom da fé, são
baseados na eterna eleição de Deus e na predestinação, não em
nosso livre-arbítrio. O caminho que eu gostaria de nos levar a
isto é observar outros textos do Novo Testamento que dizem a
mesma coisa, de forma que nós veremos quão grande o fundamento
de nossa confiança em Romanos 8.28 realmente está na Palavra
de Deus.


Paulo relembra como Elias uma vez achou que
era o único crente verdadeiro assim como na época do Apóstolo,
alguns achavam que Deus rejeitou Seu povo.


Romanos 11.4-8: “ Mas que lhe diz a
resposta divina? Reservei para mim sete mil varões que não
dobraram os joelhos diante de Baal. Assim, pois, também no
tempo presente ficou um remanescente segundo a eleição da
graça. Mas se é pela graça, já não é pelas obras; de outra
maneira, a graça já não é graça. Pois quê? O que Israel busca,
isso não o alcançou; mas os eleitos alcançaram; e os outros
foram endurecidos, como está escrito: Deus lhes deu um
espírito entorpecido, olhos para não verem, e ouvidos para não
ouvirem, até o dia de hoje ”.


Note que apenas Deus trabalhou para guardar
para si um grupo de verdadeiros crentes na época de Elias,
assim como ele fez na época de Paulo. E Paulo os chama de um
remanescente “ segundo a eleição da graça ”. O fato é que há
um grupo de pessoas que crêem, são nascidos novamente,
convertidos e chamados segundo um ato da graciosa eleição.
Eleição é a base dos remanescente fiel, não o contrário. O
texto não diz que Deus elegeu segundo quem creu, como o
pensamento da eleição baseada na fé prevista propõe. Não.
Versículo 5: “ Assim, pois, também no tempo presente ficou um
remanescente segundo a eleição da graça ”. A observação sobre
a existência de um remanescente de verdadeiros crentes
concorda com o propósito divino da eleição. “ Aos que
predestinou, a estes também chamou ”.


2 Timóteo 1.8-9: “ Portanto não te
envergonhes do testemunho de nosso Senhor, nem de mim, que sou
prisioneiro seu; antes participa comigo dos sofrimentos do
evangelho segundo o poder de Deus, que nos salvou, e chamou
com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas
segundo o seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em
Cristo Jesus antes dos tempos eternos ”.


Novamente Paulo diz que o chamado não
repousa em nossas obras. Ele é segundo o propósito de Deus.
Versículo 9: “que nos salvou, e chamou com uma santa vocação,
não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio
propósito e a graça”. Nosso chamado repousa em Seu propósito e
não nos nossos. E a graça deste propósito foi “dada em Cristo
Jesus antes dos tempos eternos”. Nosso chamado é baseado na
eleição eterna de Deus. “Aos que predestinou, a estes também
chamou”.


2 Tessalonicenses 2.13: “Mas devemos sempre
dar graças a Deus por vós, irmãos amados do SENHOR, por vos
ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em
santificação do Espírito, e fé da verdade”.


O texto não diz que Deus os escolheu com
base em sua fé prevista. Diz o oposto: Deus os escolheu tendo
em vista os salvá-lo pela obra do Espírito e pela fé. A fé
auto-determinista do homem não o leva à eleição de Deus. Pelo
contrário, a eleição o leva à fé. “Aos que predestinou, a
estes também chamou”.


Efésios 2.4-6: “Mas Deus, que é riquíssimo
em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando
nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente
com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou
juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais,
em Cristo Jesus”.


Você pode perguntar: “Onde você vê eleição
e predestinação nesse texto?”. A resposta é vê-lo na palavra
“amor”. Mas você pergunta: “Deus não ama a todos?”. A resposta
é que Ele não ama todas as pessoas do mesmo modo. O amor
mencionado aqui não é o amor universal, que leva Deus a dar
vida, fôlego, sol e chuva. Não, é mais precioso que isso.


Paulo diz por ESTE muito amor, Deus nos
vivificou quando ainda estávamos mortos. Agora, se Deus amou a
todos com este amor, todas as pessoas seriam vivificadas em
Cristo e todos seriam salvos. Quando Paulo glorificou o amor
de Deus por ele em Jesus Cristo, ele não glorificou meramente
a OFERTA de salvação a todos que vierem a Cristo. Ele
glorificou a profundíssima e maravilhosa verdade com que Deus
o levou a Cristo. Antes ele estava morto no pecado. Agora ele
vive. E a origem deste milagre é o amor de Deus. E, desde que
Deus não realiza este milagre em todos, isto é um amor
eletivo. Assim, a eleição é clara nesta passagem e é a base da
nossa conversão, da nossa regeneração e da nossa fé. “Aos que
predestinou, a estes também chamou”.


1 Coríntios 1.26-31: “ Porque, vede,
irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo
a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são
chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para
confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste
mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis
deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para
aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante
ele. Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi
feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e
redenção; para que, como está escrito: Aquele que se gloria
glorie-se no Senhor ”.


Considere seu chamado. Isto é, olhe ao
redor de você em Corinto e veja que tipo de pessoas se
tornaram cristãos. Considere quem tem sido chamado de forma
eficaz pela fé. O que você vê? Não muitos sábios, ou
poderosos, ou nobres. Por que não? Porque Deus é o único que
escolhe quem será salvo em Corinto, e Deus intenta escolher de
uma forma que eliminará o caminho da auto-exaltação. Três
vezes Paulo diz “Deus escolheu”. Deus não permite a idéia da
salvação pela determinação do homem porque então nós
determinaríamos a construção da igreja e teríamos algo para
nos gloriarmos.


Versículo 30 diz literalmente “vós sois
dele, em Jesus Cristo”. Nós não colocamos a nós mesmos em
Cristo Jesus. Deus trabalhou em nós de forma que nós
estivéssemos unidos a Cristo em fé. Por quê? Para que ninguém
se glorie perante Deus. Portanto, deixemos que aquele que se
glorie glorie-se no Senhor! Deus fez as escolhas em Corinto. E
com base nestas escolhas, Ele chamou, isto é, uniu pessoas em
Cristo. “Aos que predestinou, a estes também chamou”.


Atos 13.47-48: Paulo está pregando na
sinagoga em Antioquia da Pisídia. Quando o sermão termina,
Lucas faz um comentário que nos mostra sua profunda harmonia
teológica com os escritos paulinos. Paulo termina sua pregação
com estas palavras:


“Porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te
pus para luz dos gentios, A fim de que sejas para salvação até
os confins da terra. E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se,
e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos
estavam ordenados para a vida eterna ”.


Isto é idêntico ao que Paulo diz em Romanos
8.30. “Aos que predestinou, a estes também chamou” quer dizer
o mesmo que “ e creram todos quantos estavam [pré]ordenados
para a vida eterna”. A doutrina da predestinação de Paulo não
o deteu de seu trabalho missionário mundial. Pelo contrário, o
estimulou saber que Deus tinha muitas pessoas entre as nações
que seriam chamadas de forma eficaz pela pregação do evangelho
(Atos 18.10). Aos que Deus predestinou, Ele, com certeza
absoluta, chamará. Nisto reside a esperança e confiança do
todo o investimento missionário.


João 8.46,47; 10.25-27: Jesus repetidamente
apresenta a questão no evangelho de João do porquê de algumas
pessoas crerem e outras não. Ele nunca dá a popular resposta
de que depende do poder humano de auto-determinação. Jesus
remete repetidamente a algo bem mais profundo.


“Quem dentre vós me convence de pecado? E
se vos digo a verdade, por que não credes? Quem é de Deus
escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais,
porque não sois de Deus ”. (8.46-47)


O que leva uma pessoa a desejar e crer nas
palavras de Deus repousa em algo bem mais profundo. A pessoa é
DE DEUS ou não é DE DEUS? Isto é, a pessoa é escolhida de
Deus? Nascida de Deus? Filha de Deus? Não importa quais sejam
o “de Deus” ela desejará ouvir. Todos quanto estão ordenados
para a vida eterna creram. “Aos que predestinou, a estes
também chamou”.


“As obras que eu faço, em nome de meu Pai,
essas testificam de mim. Mas vós não credes porque não sois
das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito. As minhas
ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem
”. (10.25b-27)


“Vós não credes porque não sois das minhas
ovelhas ”. Note que não diz “vocês não são das minhas ovelhas
porque não acreditam”. Pertencer a Jesus não é baseado em
minha fé. Eu devo crer para evidenciar que sou das ovelhas de
Jesus. E se eu persistir na incredulidade, então mais
evidentemente eu não sou das ovelhas de Jesus. Deus me fez uma
ovelha de acordo com a eleição da graça que me foi dada em
Cristo Jesus há muito tempo. E quando as ovelhas ouvem o
evangelho, elas acreditam. Aos que ele predestinou a serem
ovelhas, Ele também chamou à fé de modo eficaz!


A conclusão que eu tiro então é que há uma
gigantesca fundamentação no Novo Testamento para a verdade de
Romanos 8.30, que o chamado de Deus é baseado em Sua
predestinação, e que a predestinação não é baseada em nada em
nós. Não é em nossa dignidade como pessoas (assim todos se
qualificariam) nem em nossa fé (que é um dom de Deus). Nossa
eleição é incondicional. Aos que ele conheceu de antemão, a
estes também predestinou e aos que predestinou, a estes também
chamou.



Implicações


1.
Nós somos confrontados com a escolha entre uma popular
especulação filosófica de um lado e a persuasiva doutrina
bíblica do outro. A filosofia popular diz que nós devemos ter
o poder de auto-determinação definitivo para que possamos
responder por nossas escolhas. A Bíblia, por outro lado, deixa
claro em uma centena de passagens que não há poder de
auto-determinação e a salvação nada tem a ver com a
responsalidade por nossas escolhas. Você seguirá a filosofia
humana ou a Bíblia? A Bíblia já ganhou sua confiança o
bastante para que você submeta seus conceitos aos julgamentos
dela? Ou continuará a submetê-la aos seus?


Uma das críticas que algumas vezes são
feitas contra aqueles que abraçam as doutrinas da eleição
incondicional e soberania da graça é que somos escravizados
pela lógica e dirigidos por um racionalismo inexorável, que
nos força a dizer coisas sobre Deus que não são ensinadas nas
Escrituras. Eu suspeito que seja verdade para algumas pessoas.


Mas minha experiência me diz que o oposto
também é o caso. Recentemente, perguntei para um amigo como
ele interpretava as palavras de Atos 13.48: “ creram todos
quantos estavam ordenados para a vida eterna”. Ele disse “oh,
eu interpreto isso à luz de todos os outros textos bíblicos
que ensinam que o homem tem o poder final de escolha”. Então
eu perguntei “Como assim? Você poderia me dar um exemplo de um
texto desses?”. Ele disse “Bem, não, mas está implícito em
todos os lugares”.


O que se torna claro depois de uma pequena
discussão foi que ele ASSUME, ele PRESSUPÕE que você não pode
ter explicação sem a auto-determinação do homem, tanto que em
todo lugar que vê explicação na Bíblia, ele vê o poder final
da auto-determinação do homem.


Nós somos apresentados a uma escolha
crucial: iremos deixar a Bíblia nos ensinar coisas que são
estranhas ao nosso modo de pensar? Ou iremos jogr nossas
idéias pré-concebidas no texto e dizer “Assim não pode ser.
Isso não se encaixa com minhas suposições”?


2.
As doutrinas da eleição incondicional, predestinação e chamado
eficaz tendem a eliminar todo orgulho, soberba e
auto-confiança. Eu já discuti muitas vezes com outros teólogos
que dizem “você não precisa lançar fora a auto-determinação
final para tirar o orgulho. Tudo o que você precisa fazer é
insistir na FÉ para salvação ao contrário de obras
meritórias”. Eles argumentam a partir de Romanos 3.27 que a fé
exclui o orgulho. Então você não precisa dizer que a fé é um
dom a fim de eliminar o orgulho, a soberba e a auto-confiança.


Minha resposta tem duas partes. Primeiro,
eu não me sinto dirigido pela lógica para chamar a fé de dom
com o objetivo de cortar meu orgulho; eu me sinto dirigido
pela exegese. O Novo Testamento ensina que nós estamos mortos
em nossos pecados e devemos ser chamados de forma eficaz. A fé
ordenanda também deve ser criada se alguém tem de ser salvo.
Eu não insisto nesta idéia porque eu acho que é um bom meio de
destruir o orgulho. A Bíblia ENSINA isto. E isto ajuda a
sobrepujar o orgulho.


Em segundo lugar, eu acho que a razão pela
qual uma genuína fé neotestamentária elimina nossa vaidade é
que é uma confiança em Deus; não apenas pela provisão da
salvação na cruz, mas também por aplicar a salvação em meu
coração. Em outras palavras, minha fé não diz apenas “Eu
escolho crer em Cristo”. Ela também diz “Eu escolho crer que
Deus Pai me levou a Cristo e me deu o desejo de crer em
Cristo” (João 6.44,65). Ou, falando de outra maneira, a fé
repousa em toda a verdade bíblica, não apenas em uma parte
dela. A fé elimina todo orgulho, soberba e auto-confiança
precisamente a ponto de que é uma fé que Deus fez por nós o
que não poderíamos fazer por nós mesmos – o que inclui a
vontade de crer. A fé crê num Deus que fez tudo na salvação,
não apenas uma parte da salvação. E a salvação inclui nosso
chamado eficaz que criou nossa fé.


Você estava se afogando e o Filho de Deus
jogou um tubo de respiração ao seu lado. Você nadou
vigorosamente até ele, e pôde chegar à margem, então você
deveria agradecê-lO. Você não ganha crédito algum pelo tubo de
respiração.


Mas suponha que você tem sido um inimigo de
longa data dEle, e você estava morto no fundo de um lago. Ele
te encontrou, te trouxe à superfície e se esforçou tanto para
te trazer à vida, que terminou exausto ao seu lado e morreu.
Então, suponha que, quando você se ajoelhou sobre o corpo, com
lágrimas de amor descendo por sua face, você ouve uma voz
vinda do céu dizendo: “Este é meu Filho amado, em quem me
comprazo. Levante-se, meu Filho!”. Ele se levanta e
aproxima-se, te olha com a mais profunda afeição que você já
viu. Toma sua mão e lhe puxa firme e gentilmente para seu lado
e diz: “Siga-me, e eu farei todas as coisas cooperarem para
seu bem pelo resto de sua vida”.


Qual é a sua idéia de como você foi salvo?
Pode ser que muitos dos problemas de sua vida se devem ao fato
de que você nunca entendeu como foi salvo – ou talvez você
nunca foi salvo?



3.

As doutrinas da soberania de Deus
tendem a produzir humildade, submissão e paciência entre todos
que as abraçam. Efésios 4.1-2 diz “ Rogo-vos, pois, eu, o
preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que
fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com
longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor”. Uma das
razõess pelas quais um chamado altíssimo produz uma caminhada
submissa é que a decisão de Deus de nos chamar ao Seu Reino
não se deve a absolutamente nada em nós mesmos.

Uma vez que está gravada em seu coração a
certeza de que Deus o escolheu para a salvação antes que você
cresse ou tivesse feito alguma coisa pra isso, sua tendência a
se orgulhar ante as outras pessoas será cortada pela raíz.
“Que tens tu que não tenhas recebido?”, Paulo diz. “E, se o
recebeste, por que te glorias, como se não o houveras
recebido?” (1 Coríntios 4.7).


Uma criança que ganhou dois carrinhos de
Natal pode rebaixar seu irmão que ganhou apenas uma carrinho
SE seus pais baseassem nos merecimentos dos filhos ou nas
decisões das próprias crianças. Mas se as escolhas foram
feitas sem levar em conta qualquer merecimento das crianças,
se as escolhas deles foram feitas por sabedoria e bons
propósitos que estão além da capacidade das crianças em
entender, então humilhar o irmão é proibido. O meio mais
humilhante de ser tratado em todo o mundo é ser tratado com
absoluta misericórdia.



4.

Se a doutrina da soberania de Deus é
verdadeira, então Ele realmente pode cumprir sua aliança de
escrever Sua lei em nossos corações (Jeremias 31.33), nos
fazer caminhar nos Seus estatutos (Ezequiel 36.27) e nos
conformar à imagem de Seu Filho (Romanos 8.29). Se Deus desse
o poder final à nossa auto-determinação, Ele talvez não fosse
capaz de cumprir Suas promessas de que um dia haveriam pessoas
que realmente O obedeceriam.

Se todas as pessoas no mundo realmente
tivessem o poder de determinação final e decidissem usá-lo
para se rebelar contra Deus, Ele nada poderia fazer sobre
isso. O único meio que a promessa de Deus de um povo com novos
corações de obediência pode ser garantida é dizer que Deus
sobrepujará a auto-determinação pecaminosa das pessoas, dará a
elas novas corações e as fará caminhar em Seus caminhos. E
assim, a doutrina do chamado eficaz de Deus, baseada em sua
eleição incondicional é o grande fundamento da nossa confiança
de que Ele cumprirá para nós as promessas da nova aliança: “ E
lhes darei um mesmo coração, e um só caminho, para que me
temam todos os dias” (Jeremias 32.39).


5.
Também a promessa missionária de que um dia haverão crentes de
toda tribo, língua, povo e nação adorando a Deus no Reino –
esta promessa não teria garantia se a salvação repousasse
definitivamente nas mãos da auto-determinação dos seres
humanos. O fato de Deus ter o direito e o poder de chamar
eficazmente quem Ele desejar, de todo grupo étnico da Terra, é
a sólida fundação de nossa confiança de que a Grande Comissão
não será frustrada pela dureza do coração humano. As doutrinas
da graça são a dinamite de Deus nos lugares difíceis da
evangelização mundial.


6.
A soberania de Deus na salvação fortifica a verdadeira
segurança do crente. Se você acredita que Deus te escolheu
desde toda eternidade, que Ele te predestinou para partilhar a
glória de seu Filho e que Ele então trabalhou miraculosamente
para te chamar da morte para a vida, fazendo você crer em
Cristo, então sua confiança de que Ele é por você e completará
a obra de Sua salvação, que foi planejada eras atrás, é
simplesmente tremenda.


Mas se você apenas acredita que Deus
definiu um caminho geral de salvação sem qualquer indivíduos
particulares em vista e que, assim, você poderia ser parte
desta salvação ou não, então sua segurança descansará numa
fundação fraquíssima. Eu tenho como algo muito precioso saber
através de Deus que minha vida eterna é baseada em Sua decisão
pessoal eterna de me dar uma porção na glória de Seu Filho e
que minha grande fé é parte de Seu esforço onipotente para
cumprir este propósito para mim. Que segurança maior pode
existir?


7.
O trabalho do pregador é indispensável e invencível. Paulo diz
em 2 Tímoteo 2.10: “ Portanto, tudo sofro por amor dos
escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está
em Cristo Jesus com glória eterna”.


Os escolhidos definitivamente OBTERÃO
salvação: aos que conheceu de antemão, a estes também
predestinou; aos que predestinou, a estes também chamou; aos
que chamou, a estes também justificou e aos que justificou, a
estes também glorificou. Ninguém pode enganar os escolhidos
(Mateus 24.24). Portanto, a pregação é invencível.


Entretanto, Deus ordenou que a forma pela
qual os eleitos serão preservados do erro e da incredulidade e
também obter salvação é através da pregação da palavra e por
oração. Assim, Paulo diz que ele tudo sofre por amor dos
escolhidos, para que eles alcancem a salvação. A pregação de
Paulo é o meio escolhido por Deus para preservar a fé dos
eleitos pela edificação da palavra. A pregação aos eleitos é
indispensável – está a forma ordenada por Deus para
sustentá-los até o fim; e a pregação é invencível – a ovelha
sempre ouve a voz do verdadeiro pastor e responde.


8.
A não ser que você aceite a doutrina da eleição incondicional,
da predestinação e do chamado eficaz, você nunca compreenderá
plenamente o significado da graça e nunca dará a Deus a glória
da qual Ele é digno.


Nós a chamamos de “graça soberana” porque
graça não é meramente uma oferta de salvação; é também um
poder que salva. Paulo deixa isto muito claro em Efésios
2.5,6. “Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos
vivificou juntamente com Cristo (PELA GRAÇA SOIS SALVOS), e
nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos
lugares celestiais, em Cristo Jesus”. A razão de Paulo inserir
esses parênteses foi ensinar-nos que a graça é um poder que
ressuscita os mortos e, portanto, é TOTALMENTE imerecida.


Nós nunca sentiremos a maravilha completa
da graça até que desistamos da nossa idéia de que damos a
palavra final em nossa salvação. Nunca seremos sinceros em
relação à soberania de Deus em nossas vidase daremos a Ele
toda a glória por nossa salvação até que reconheçamos que
somos tão inúteis que Ele teve de fazer tudo.


Lucas nos conta uma história sobre Herodes
no livro de Atos. Um dia, ele vestiu seus trajes reais, tomou
seu lugar no trono e fez um discurso aos visitantes de Sidom e
Tiro. O povo, querendo agradar Herodes, começou a gritar “voz
de Deus, não de homem”. Lucas diz que imediatamente um anjo do
Senhor o feriu, porque ele não deu glória a Deus; ele foi
comido por vermes e morreu (Atos 12.23).


Diante disso, eu pergunto: se a ira de Deus
se voltou contra um homem que não deu glórias a Ele por algo
tão pequeno como o dom da oratória, quão grande é o perigo
sobre as cabeças daqueles que se recusam a glorificar o Senhor
pelo muito maior dom da fé?


John Piper

Traduzido
por: Josaías Cardoso Ribeiro Jr.

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