terça-feira, dezembro 15, 2009

AOS COLEGAS, IRMÃOS

por


Daniel L. Petersen


“Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus
mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos.”
(1 João 5.3)


Desde muito, tenho orado a Deus para que as pessoas em meu trabalho conheçam ao meu Salvador. Como Cristão (Calvinista)[1] sei de minhas obrigações para com Cristo, mas mesmo assim, acho muito pouco (o que faço como servo), não que isso faça alguma diferença, pois quanto à “eleição e ao chamado” de cada um nada posso fazer a não ser orar ao meu Deus.


Perante os fatos, como pecador e estudante da Palavra, sei que meus exemplos (apesar de tentar buscar santidade em Cristo) não são “suficientes” para que conheçam a salvação no Senhor, mas antes, a Palavra de Deus que em Cristo, através do Espírito Santo transmite a mensagem, a iluminação e o conhecimento necessário à Salvação em Jesus, que como proposta, tentarei de forma prática, levar ao conhecimento dos colegas irmãos seu conteúdo, em breves estudos.


De antemão, é preciso que seja compreendido que “somente o Espírito Santo convence o homem do seu pecado através do Evangelho” e é exatamente por isso que este texto serve (apesar de conter em seu conteúdo, partes da Palavra de Deus) de estudo de princípios não exaustivos da Escritura. Existe muito que se ler sobre o assunto, mas a proposta deste é dar como que uma pequena introdução ao mesmo.


Como primeiro estudo, nada melhor do que demonstrar os “Mandamentos do Senhor” para que através deles, conheçam qual sua condição perante Deus, a condenação e insuficiência dos sistemas de pensamentos criadas por homens ao qual estão diretamente ligadas ao pecado e a própria ação de Satanás em suas vidas, das conseqüências das obras que quando distorcidas e longe da verdade, caminham para a eterna condenação.


Os Dez Mandamentos - Êxodo 20. 1 a 17


“Se me amais, guardareis os meus mandamentos.”
(João 14.15)

O contexto em que se encontrava o povo de Israel antes de serem libertos por Deus da escravidão nas terras do Egito como relata a Escritura é realidade para milhares de pessoas em nossos dias, longe do Senhor, todos atraem através do pecado a condenação justificada para sua vida. Ter o Senhor como seu Deus é algo que esta além de nossa própria vontade, isso porque o pecado, iniciado na queda de Adão, afastou-nos de Deus em todos os aspectos inclusive de nos voltarmos a Deus.



Já em nosso tempo, o Pós-Modernismo (Sistema Sociológico ao qual vivemos), tenta de todas as formas dar-nos a falsa impressão do que devemos ter como primícia em nossa e vida algo extremamente perigoso e neste contexto este sistema ensina dentre suas ramificações do pensar (filosófico, se assim pode-se dizer) que: “o seu prazer, felicidade e prosperidade está “sobre todas as coisas”, logo, você é o centro de tudo e tudo se resume no sentido do prazer e ter”. Este conceito do prazer é muito antigo, vem do Hedonismo[2] Grego onde se ensina que tudo não passa do presente (o aqui e agora) e com a morte a vida se acaba, por isso a bandeira levantada por esse conceito fundamenta-se na busca pelo “prazer e felicidade” - no hoje. Podemos então com uma simples reflexão, visualizar este mesmo conceito em muitas Igrejas em nossos dias e, é exatamente por isso que comecei este estudo com os Mandamentos do Senhor, pois pode mesmo sem um conhecimento aprofundado no Evangelho (que seria necessário para se ter um conceito de verdade absoluta), ser possível ao leitor refletir ao encontrar e compreender o quanto tais ensinamentos pós-modernos são destrutivos inclusive para os não-cristãos e, assim, servem os mandamentos, de reflexão e consciência da justa condenação perante nossa escravidão ao pecado.


É deveras fácil descobrir onde este conceito (hedonismo) se faz presente nas Igrejas, muitas prometem a felicidade, prosperidade e ainda ensina que devemos mesmo em nossa condição (como pecadores) exigir isso de Deus. Dizem: “Porque como seus “filhos” não podem sofrer ou ser infelizes”. Mas a busca do “sentir-se bem” não dá a Deus a sua devida Glória.


1 - Mas afinal, quem é esse Deus que exige, elege e salva seu povo?


A Confissão de Fé de Westminster nos ensina que: 



“Há um só Deus vivo e verdadeiro, o qual é infinito em seu ser e perfeições. Ele é um Espírito puríssimo, invisível, sem corpo, membros e paixões; é imutável, imenso, eterno, incompreensível, onipotente, onisciente, santíssimo, completamente livre e absoluto, fazendo tudo para a sua própria glória e segundo o conselho da sua própria vontade, que é reta e imutável. É cheio de amor, é gracioso, misericordioso, longânimo, muito bondoso e verdadeiro remunerador dos que o buscam e, contudo, justíssimo e terrível em seus juízos, pois odeia todo o pecado; de modo algum terá por inocente o culpado”, (De Deus e da Santíssima Trindade. Confissão de Fé de Westminster - Editora Cultura Cristã. 2003. pág. 26).


A palavra de Deus nos narra que após libertar o povo de Israel da escravidão do Faraó no Egito, Deus então no monte Sinai, entrega a Moisés o primeiro escrito da Bíblia, a sua Lei que conhecemos pelo nome de “Os Dez Mandamentos” (ou Decálogo), como segue:


1 - Então falou Deus todas estas palavras, dizendo: Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim.

2 - Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás diante delas, nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, e uso de misericórdia com milhares dos que me amam e guardam os meus mandamentos.



3 - Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar o seu nome em vão.
 
4 - Lembra-te do dia do descanso[3], para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho; mas o sétimo dia é o descanso do Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do descanso, e o santificou.



5 - Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.

6 - Não matarás.


7 - Não adulterarás.


8 - Não furtarás.



 9 - Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.


 10 - Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.


Estes 10 Mandamentos do Senhor Deus são Leis morais, é importante dizer também que Deus não esta num sentido “acima deles”[4], mas, Ele esta  totalmente e diretamente interligado aos seus mandamentos, uma vez que os mesmos são e fazem parte daquilo que Deus é, ou seja, refletem tanto o caráter, quanto o que é exigido para o homem relacionar-se com o criador.


J. I. Packer[5] em seu livro “Teologia Concisa” comenta:



A Lei Moral de Deus tem três propósitos:




1º - Sua primeira função é ser um espelho que reflete para nós tanto a justiça perfeita de Deus como nossa própria pecaminosidade e deficiências;2º - Sua segunda função é restringir o mal. Embora não possa mudar o coração, a lei pode, em certa medida, inibir a ilegalidade por suas ameaças de julgamento; 3º - Sua terceira função é guiar os regenerados às boas obras que Deus planejou para eles.


Deus então através de sua Lei, mostra-nos que ao homem é impossível escapar da justa condenação do pecado, isso porque é impossível ao homem deixar de pecar.


Romanos 3.23 “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,”


A humanidade pecadora esta debaixo da ira de Deus e necessita de um Salvador, um Rei, e Cristo Jesus (que durante toda Escritura se faz presente de Gêneses a Apocalipse) por amor, propósito e vontade, tem seu Ministério em nosso meio, trazendo a Salvação na Mensagem do Evangelho (Boas Novas) sendo o único capaz de cumprir toda a Lei de Deus, ele é o próprio Deus e somente ele pode remover a nossa culpa. Deus envia seu filho ao mundo, que veio para reinar e justificar os pecadores por sua obra perfeita, dando-lhes vida nova, pois o peso da lei que antes julgava o pecador, agora justifica o mesmo em seu Filho Cristo Jesus.


João 14.6 “Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”.


Jesus em seu determinado tempo chama seus servos para o servirem, no entanto, a exigência para entrar em seu reino é que sejamos absolutamente perfeitos e sem pecados.


Dessa forma, hoje sem Cristo estaríamos excluídos dele, por ser impossível sermos perfeitos e sem pecado; assim, todos nós enfrentamos o juízo final e o afastamento de Deus.


Isso se faz necessário para recebermos Jesus Cristo em nossa vida como nosso senhor e salvador, pois ele é o único que viveu uma vida perfeita e que, portanto, se tornou o substituto para nossos pecados - o meu e o seu.


Jesus ressuscitou dos mortos, provando que é Deus; e mais: sua obra expiatória é para nos salvar, pois já pagou por nossos pecados na cruz e quer nos dar a vida eterna, mas, antes, devemos, individualmente, recebê-lo, é isso que significa crer em Jesus. Deus quer que nos encontremos com ele; quer tanto, que ele deu o seu único filho para que morresse por nós. 


Quer felicidade? Gostaria acabar com sua dor? Deseja prosperar em sua vida?


Esqueça disso, Cristo é a “suficiência da vida”. Quer maior felicidade do que ter um salvador? Cristo nos ensina como ter confiança suficiente nEle, pois em todos os momentos (difíceis) nos diz: “vinde a mim”. Isto é suficiente. 



Mateus 11:28-30 "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e meu fardo é leve."
 
Oro a Deus para que você re-avalie sua vida, pois há somente duas eternas realidades, a primeira é de viver como servo de Cristo em seu Reino por toda a eternidade e a segunda é de viver eternamente onde a Bíblia descreve como “Lago de Fogo”, ou seja, o “Inferno”.



[1] O termo Calvinismo é dado ao sistema teológico da Reforma protestante, exposto e defendido por João Calvino (1509-1564).
[2] Hedonismo (do grego "hedoné" = "prazer"), acreditavam que o bem se encontra no prazer.
[3] Sabbath: na dispensação do novo pacto, a observância do sabbath semanal foi mudada por Jesus Cristo para o primeiro dia da semana. Sugiro a leitura do artigo de Brian Schwertley disponível no site Monergismo: http://www.monergismo.com/textos/dez_mandamentos/Sabbath-obrigatorio-eraNT_Schwertley.pdf.
[4] “Acima deles”: seria mera especulação limitar Deus ao seu Decálogo, todavia, a questão é: Tendo a Lei origem na mente do Criador, e seus atributos e justiça refletem a sua pureza e sendo Deus imutável, Ele se faz presente em sua Lei.
[5] J. I. Packer: Pastor Anglicano, foi professor de teologia, é autor de diversos livros editados pela Editora Cultura Cristã.



REFERÊNCIAS


BÍBLIA SAGRADA - Almeida Revista e Atualizada


TOKASHIKI, Ewerton B. Estudos Doutrinais de Quartas à Noite. Porto Velho - 2009. Igreja Presbiteriana de Porto Velho.


SITE TEU MINISTÉRIO. Breve introdução: “Os Cinco Pontos do Calvinismo”. Disponível em <http://www.teuministerio.com.br/BRSPORNDESAGSA/OsCincoPontos.dsp> Acessado em 11/12/2009.


OLIVIERI, Antonio Carlos. História - A filosofia do prazer. Disponível em <http://educacao.uol.com.br/filosofia/ult1704u56.jhtm>. Acessado em 11/12/2009.


SCHWERTLEY, Brian. O Sabbath é Obrigatório na Era da Nova Aliança? Disponível em <http://www.monergismo.com/textos/dez_mandamentos/Sabbath-obrigatorio-eraNT_Schwertley.pdf> Acessado em 11/12/2009.


PACKER, James I. Teologia Concisa. 2ª Edição. 2004, São Paulo. Editora Cultura Cristã. Pág. 87.